Catar e o Médio Oriente entre a traição americana e a perfídia israelense: Um apelo à dignidade árabe- Dr Ezzat Al-Gamal
Artigo (Autor: Dr. Ezzat Al-Gamal)
O que aconteceu no Catar não é apenas uma crise qatari; é um golpe para toda a nação árabe. As explosões e ataques em Doha — realizados aparentemente por Israel com cobertura tácita americana — expuseram a verdade: os Estados Unidos e Israel não asseguram a proteção dos povos árabes quando interesses estratégicos assim o determinam.
Arábia Saudita, Emirados e Bahrein — atualmente vistos como aliados do inimigo sionista no Golfo — pressionaram o Catar a encerrar a cooperação militar com a Turquia. Contudo, as bases americanas não funcionaram como um escudo. Apesar dos investimentos milionários do Catar em defesa e infraestruturas, a capital foi atingida por ataques que visaram lideranças fora das fronteiras de Gaza.
A lição é dura: os EUA não são amigos incondicionais; as suas garantias são frequentemente condicionais e utilitárias. Líderes que confiaram nessas promessas viram-se expostos.
Isto não é apenas uma falha diplomática; é a confirmação de que a presença militar estrangeira não substitui a soberania efetiva. Israel mostrou capacidade e disposição para agir quando os cálculos geopolíticos permitiram, e quando existe algum nível de conivência internacional.
A realidade regional mostra fragilidade e submissão: líderes financeiramente e estrategicamente vinculados aos EUA, incapazes ou pouco dispostos a defender a dignidade dos seus povos. Israel respeita força e determinação; hesitação e conivência trazem risco. Os ataques a Doha são um alerta cruel: não existem linhas vermelhas salvaguardadas quando interesses maiores assim o ditam.
A resposta política exige recuperar soberania, fortalecer a autonomia estratégica regional e abandonar a dependência em “proteções” externas que se mostram ilusórias. As sociedades árabes reclamam responsabilidade e coragem. É tempo de escolher entre dignidade e dependência.
